sexta-feira, 10 de abril de 2020

O SURGIMENTO DO HOMEM E A DISPERSÃO PELO PLANETA

Uma pergunta ainda permanece e divide opniões. Qual é a origem do homem? A patrir daí temos duas teorias: Criacionista e a Evolucionista. O que pode ser dito, de maneira geral, é que todas essas disciplinas (paleontologiaarqueologiateoria evolucionistahistória etc.) lidam com evidências empíricas escassas (isto é, fósseis, instrumentos rudimentares de madeiraossospedras e metais) sobre as quais desenvolvem os seus métodos e extraem as suas hipóteses.

CRIACIONISMO
Assim como o evolucionismo, o criacionismo é uma teoria que tenta explicar a origem da vida e a evolução do homem. No entanto, é importante ressaltar que a teoria criacionista segue uma linha de pensamento distinta da teoria evolucionista. O criacionismo se baseia na fé da criação divina, como narrado na Bíblia Sagrada, mais especificamente no livro de Gênesis na qual Deus criou todas as coisas, inclusive o homem. Lembrando que diversas culturas possuem sua versão própria do criacionismo, como é o caso da mitologia grega, da mitologia chinesa, cristianismo entre outras.
Figura 2. A criação de Adão. Cena representa episódio do Livro do Gênesis, onde Deus origina o homem. (Foto: Michelangelo/Reprodução)

EVOLUCIONISMO
O evolucionismo se baseia em pesquisas cientificas, que surgiram com o experimento científico de Oparin-Haldane. Eles acreditavam que os gases existentes teriam formado as primeiras moléculas orgânicas e mais tarde os primeiros seres vivos. A experiência de Staley Miller acabou defendendo essa teoria, já que ele construiu um equipamento que imitava as condições da Terra naquela época e obteve a presença de aminoácidos no líquido formado. Charles Darwin, com sua publicação “A origem das espécies” (1859), afirmava que o homem era resultado de uma longa evolução que começou com os hominídeos até o homo sapiens, o que corresponde as nossas características atuais.

A teoria da evolução das espécies de Charles Darwin. Junto à teoria da evolução, muitos cientistas ao longo de décadas de pesquisas começaram a estabelecer as características do padrão evolutivo do ser humano, desde os primeiros hominídeos até o Homo sapiens. Entre as características observadas, destacam-se: o bipedalismo, a capacidade de manipulação de objetos como as mãos (em virtude do polegar opositor) e a grande massa encefálica.

Segundo o físico brasileiro Marcelo Gleiser, o criacionismo não é uma teoria. Professor em Dartmouth College há 28 anos, o físico Marcelo Gleiser é hoje um dos principais proponentes da visão que ciência, filosofia e espiritualidade são expressões complementares que a humanidade precisa para abraçar o mistério e explorar o desconhecido. Existe uma ideia de que você tem que ensinar a teoria da evolução e o criacionismo da mesma forma: como duas teorias de como a vida evoluiu na terra. Mas isso é uma grande besteira, porque o criacionismo não é uma ciência e não é uma teoria.

O criacionismo é uma ideia que diz o seguinte: nossa vida é tão complexa, que em milhões de anos de evolução não teria sido possível ela se tornar tão complexa, então foi Deus que fez. O criacionismo é isso e ponto final. Você pode tornar esse argumento um pouco mais sofisticado ou não, mas a essência do argumento é essa. O criacionismo é uma besteira, porque nós sabemos que a teoria da evolução funciona. Todo dia nós vemos a teoria da evolução acontecendo na prática.

Este é um mistério que começou há quase cinco bilhões de anos: como nosso planeta tem se transformado desde a sua forma inicial, e por quê? Novas pistas indicam que a resposta está dentro de cada um de nós. Desde um caso de soluços até a sensação de déjà-vu, as características particulares que temos dentro do nosso corpo têm sua origem nas transformações contínuas da Terra ao longo de milhões e até bilhões de anos. Estaria, então, dentro de nós a chave para o impacto dos asteroides, a extinção das espécies, e o movimento dos continentes? Se assim for, isto pode revelar a história épica do planeta Terra – e a nossa também.
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CRIACIONISMO X EVOLUCIONISMO
Quanto à questão da evolução, há uma série de argumentos que diferenciam criacionistas e evolucionistas.

De acordo com a teoria criacionista:
-Deus criou o homem e os demais seres vivos já na forma atual há menos de 10 mil anos;
-Os fósseis (inclusive de dinossauros) são animais que não conseguiram embarcar na Arca de Noé a tempo de salvarem-se do dilúvio;
-Deus teria criado todos os seres vivos seguindo um propósito e uma intenção;
-O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus e, portanto, não descende de primatas;
-Não há como comprovar a hipótese evolutiva em laboratório e, portanto, ela não é científica;
-Desde Darwin, vários aspectos de sua teoria já foram revistos, o que prova sua inconsistência;
-A Segunda Lei da Termodinâmica demonstra que os sistemas tendem naturalmente à entropia (desorganização);
-A perfeição dos seres vivos comprova a existência de um Criador inteligente;
-Mesmo admitindo a evolução, ela só poderia ser de origem divina por caminhar sempre no sentido da maior complexidade e do aperfeiçoamento biológico;
-A origem da vida ainda não é explicada de modo satisfatório pelos evolucionistas.

Já para a teoria evolucionista:
-O homem e os demais seres vivos são resultado de uma lenta e gradual transformação que remonta há milhões de anos;
-Os fósseis e sua datação remota confirmam que a extinção de espécies também faz parte do processo evolutivo;
-As transformações evolutivas são resultado de mutações genéticas aleatórias expostas à seleção natural pelo ambiente;
-O homem não é descendente dos primatas atuais, mas tem uma relação de parentesco. Ambos descendem de um ancestral comum já extinto;
-Seres vivos com ciclo de vida mais curto comprovam a evolução por seleção e adaptação, como no caso de populações de bactérias resistentes a determinados antibióticos;
-Apenas detalhes científicos que ainda não estavam claros no tempo em que Darwin viveu, como os avanços na área da Genética e da Biologia Molecular, foram revistos. No essencial, a teoria é válida há 145 anos;
-A Segunda Lei da Termodinâmica não se aplica a sistemas abertos, como os seres vivos;
-Os seres vivos são complexos, mas longe de serem perfeitos. O apêndice humano é um exemplo de estrutura residual sem função;
-A evolução não caminha sempre para a maior complexidade. Insetos atuais são mais simples que seus ancestrais já extintos. Nem sempre a evolução significa melhoria, apenas maior adaptação ao meio ambiente;
-Aspectos fundamentais envolvendo a origem da vida ainda precisam ser mais bem esclarecidos, mas o método científico e não-dogmático é o caminho mais adequado para atingir esses objetivos.

Entre o aparecimento dos primeiros hominídeos e o aparecimento do Homo sapiens, há o espaço de sete milhões de anos. Nesse intervalo de tempo, houve dois segmentos (ou gêneros) principais de hominídeos, o Australopithecos e o Homo, como segue na lista a seguir, que está em ordem cronológica de aparecimento:
  • Australopithecus anamensi
  • Australopithecus afarensis
  • Australopithecus aethiopicus
  • Australopithecus boisei
  • Australopithecus robustos
  • Australopithecus africanus
  • Homo rudolfensis
  • Homo habilis
  • Homo ergaster
  • Homo erectus
  • Homo neanderthalesis
  • Homo heidelbergensis
  • Homo sapiens
Um dos fósseis de hominídeos mais completos já encontrados é o de “Lucy”, uma representante dos Australopithecus afarensis encontrada em 1974, na Etiópia, no deserto de Afar. Esse fóssil possui cerca de 3,2 milhões de anos.

DISPERSÃO DO HOMEM PELO PLANETA 
Comparada à evolução da vida sobre a terra, a evolução humana é um evento muito recente. Os vertebrados já evoluem há 500 milhões de anos, tendo passado por grandes extinções e transições climáticas catastróficas. Ainda que se considere toda a evolução dos mamíferos desde o Triássico, há cerca de 250 milhões de anos, existimos há pouco tempo. Os primatas estão entre as últimas famílias a aparecerem na sequência evolutiva, datando do início do Paleoceno, há cerca de 65 milhões de anos (Martin, 2005). Naquele período, a expansão dos bosques subtropicais e tropicais favoreceu adaptações arborícolas, e o surgimento deste e outros taxa. 

Nos dias atuais, a população está distribuída, ainda que de forma desigual, pelos seis continentes. Contudo, estudos arqueológicos e análise de DNA humano apontam que nosso mais antigo ancestral surgiu na África. Com base em escavações e estudos arqueológicos realizados no continente africano, cientistas e pesquisadores afirmaram que, após uma longa evolução, esse ancestral pode ter dado origem ao Homo sapiens sapiensdenominação científica do homem moderno. Nossos ancestrais passaram a migrar da África e a povoar os demais continentes há mais de 130 mil anos. 

 Figura1. baseado em: www.infoescola.com/historia/chegada-do-homem-a-america

Há cerca de 150.000 anos começou uma nova diáspora africana: a dos hominídeos anatomicamente modernos. Essa dispersão dos homens modernos foi mais rápida do que a dos arcaicos. Embora não tenhamos dados demográficos para os arcaicos, a amplitude geográfica/quantidade de sítios arqueológicos existentes, para poucas dezenas de milhares de anos, confirma que a expansão populacional moderna foi demograficamente avassaladora, mudando o cenário demográfico da espécie. Principalmente a partir de 30.000 anos atrás, quando grandes extensões de terras na Europa e na Ásia já estavam livres do gelo, a multiplicação de sítios dos chamados Homens de Cro-Magnon mostra uma cultura sofisticada, que incluía expressões de arte parietal como a Levantina. Suas cavernas pintadas estão em sítios conhecidos como Altamira, na Espanha, e Lascaux, na França. 

Da Europa e da Ásia, os homens modernos alcançaram os outros continentes, ainda que em período mais recente. Portanto, apenas o H. sapiens dispersou-se como espécie pandêmica, por todo o mundo. Pelas evidências arqueológicas atuais, a travessia das maiores barreiras geográficas, como os oceanos, teria acontecido apenas nos últimos 60.000 anos. Antes do final do último grande período glacial e do domínio europeu pelos Cro-Magnon, outros homens modernos, dotados de recursos tecnológicos que já incluíam a navegação, chegavam a lugares como a Austrália, e pouco mais tarde à América. 

Dominando tecnologias cada vez mais sofisticadas, o homem tornou-se capaz de explorar e manejar plantas e animais, armazenar bens, construir abrigos adequados a diferentes climas, bem como de confeccionar ferramentas e instrumentos que ampliaram enormemente sua capacidade adaptativa. Dotados de organização social cada vez mais complexa, e de linguagem elaborada, dominaram diversos ambientes, forrageando, caçando e pescando. Exploraram diversas possibilidades econômicas e ocuparam várias terras, limitados apenas pela própria capacidade de obter alimentos naturais (Bocquet-Appel & Najji, 2006). 

A CHEGADA DO HOMEM AS AMÉRICAS
Estes grupos humanos teriam vindo da Ásia e entrado na América através do Estreito de Bering congelado, que continha aproximadamente 100 quilômetros de largura. Na década de 1930 foram descobertos artefatos de pedra perto da cidade de Clóvis, no estado do Novo México, nos Estados Unidos, evidências as quais eram de ocupação humana no continente de 12 mil anos atrás. Essas eram as mais antigas encontradas até então. A “Cultura Clóvis” era formada por povos caçadores que produziam ferramentas em pedras, com uma técnica complexa e possuíam traços físicos semelhantes aos das populações asiáticas.

Desta forma, podemos constatar três teorias acerca da chegada do homem na América:
  • Teoria Clóvis;
  • Teoria da chegada pelo mar;
  • Teoria das diversas ondas migratórias para a América.

Teoria Clóvis
Descobertas realizadas no Novo México levaram a elaboração da Teoria de Clóvis, a qual sustenta a ideia de que o homem teria chegado a América entre 15 mil e 12 mil anos atrás, vindo da Ásia através do Estreito de Bering, que se encontrava congelado devido as baixas temperaturas. Posteriormente, o homem teria se irradiado por toda América do Norte e Central, até atingir a América do Sul por volta de 11 mil anos atrás.

Teoria da chegada pelo mar
A partir do ano de 1970, novas descobertas arqueológicas em outras regiões da América, como em Monte Verve no Chile, Aguazuque e Tequendama na Colômbia, Taima-taima na Venezuela e Lagoa Santa em Minas Gerais, no Brasil, indicam ocupações anteriores a cultura de Clóvis, que chegavam até 14.500 anos atrás. Os artefatos encontrados em pedra indicam o uso de técnicas mais simples, mostrando ocupações mais antigas do que as da Teoria de Clóvis. A análise dos restos humanos desses sítios revela características físicas mais parecidas com populações da Oceania e da África. Com base nessa nova descoberta foi elaborada uma nova teoria: a de que o homem teria chegado a América pelo mar, vindo da Oceania e de Ilhas do Oceano Pacífico.

Teoria das diversas ondas migratórias para a América
A terceira teoria é fortemente defendida pelo antropólogo e arqueólogo brasileiro Walter Neves, que defende que houve diversas ondas migratórias para a América, ocorridas em datas diferenciadas e compostas por grupos oriundos tanto da Ásia através do Estreito de Bering, quanto da Oceania.

Outras interpretações sobre a origem do homem na América:
Atualmente, já se reconhece sítios arqueológicos com datações confirmadas entre 15 mil e 25 mil anos atrás, como, por exemplo:
  • Sítios de Santa Eliana no Mato Grosso com 25 mil anos;
  • Sítios na Pensilvânia nos EUA com 17 mil anos;
  • Sitio em Old Crow no Canadá com 25 mil anos.

A polêmica de Niéde Guidon
Segundo os estudos da arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, os vestígios encontrados nesses sítios, como, por exemplo, acúmulo de carvões, conjunto de pedras queimadas, pinturas rupestres, entre outros, datam de pelo menos 48 mil anos, representando então os vestígios mais antigos da presença humana na América. Segundo Niéde Guidon, a ocupação do Brasil e da América do Sul ocorreu por volta de 50 mil anos atrás.


REFERÊNCIAS
  • BOCQUET-APPEL, J-P. & NAJJI, S. Testing the hypothesis of a worldwide Neolithic demographic transition. Corroboration for American cemeteries. Current Anthropology, 47(2): 341-365, 2006.
  • MARTIN, F. D. El Largo Viaje: arqueología de los orígenes humanos y las primeras migraciones. Barcelona: Ediciones Bellaterra, 2005. 
  • MASSEY, D. et al. Worlds in Motion: understanding international migration at the end of the millenium. Clarendon, Press Oxford, 1993. 


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